segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

SILÊNCIO

Hoje, dia comum.
Sol, vento e frio.
Frio por dentro.
Frio que corta usando a lâmina da solidão.
Solidão afiada.
Hoje, cabeça quente.
Toda idéia forma.
Toda cor confusa.
Olho ao meu redor e penso:
apesar de todo som e todo ruído,
apesar de todo grito e toda palavra que ouço,
nada me intriga mais que o meu silêncio.

ADRIANO MENDONÇA CARDOSO
11/04/97

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

JOAQUIM POPULAR

É estranho ter de esperar aquele sentimento de perda que vai voltar.
O suspiro traz mais um pouco de ar e com ele mais força para continuar.
Então começo a me preocupar e uma lágrima teimosa me põe a chorar.
As vezes rezo para que sem dor ele possa ir, mas rezo mais para ele ficar.
Difícil de acreditar, na idade em que ele está capaz nem d'eu chegar lá.
A verdade deve estar na estrada do luar.
Vá com calma, vá devagar.
A Dona Lia vai te encontrar, com beijos e abraços a alegria vai voltar.
Seu violão lá estará, afinado simplesmente a te esperar.
Com belas canções e poemas o céu vai conquistar.
Com rimas e modas sempre a cantar, brincando com os anjos a duelar:
"O céu tem muita estrela, tem grandes e miudinhas.
O mundo tem muita moça, tem feias e bonitinhas.
Nóis vamô fazê um negócio as feia é sua e as bonita é minha."
Então o Papai do Céu vai demorar a parar de rir do Joaquim Popular.
Agora a saudade é tanta que dá falta de ar e os olhos enchem d'água só de lembrar.

OBS: Escrevi esse poema na noite do desencarne do meu grande avô,
poeta e artista do mato, Joaquim Francisco Cardoso.

ADRIANO MENDONÇA CARDOSO

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

METADE

Influências em minha mente, divergências em mim mesmo.
Uma vida bifurcada de caminhos seguidos pela metade.
Ser inteiro, não. Ser metade.
Metades me dividem.
Metades me confundem.
Metades me atormentam.
Seu amor não se ajusta com pureza.
Sua alegria talvez seja minha tristeza.

ADRIANO MENDONÇA CARDOSO
DRIXS

sábado, 15 de janeiro de 2011

COMUM

Comum como o pássaro no bando,
como a gota no oceano,
como a grama que cresce,
como a chama que aquece.

Comum como a pétala na flor,
como a cor do amor,
como a seringa na doença,
como a fé e a crença

Comum como os Beatles e os Stones,
como o riff na guitarra,
como o resto e a migalha,
como a luz e a vela.

Comum como a corda e o som,
como a bossa e a fossa,
como o moicano e o surfista,
como o nome na lista.

Comum como o barro e o asfalto,
como a mentira no planalto,
como a lua no céu,
como a noiva e o véu.

Comum como o sal no mar,
como o lar doce lar,
como o pingo da chuva,
como o botão e a blusa.

ADRIANO MENDONÇA CARDOSO
DRIXS

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

SUFOCANTE AMOR

Caminho buscando seus lábios.
Quero ter você antes do sol nascer.
Sinto que meu lugar é ao seu lado.
Tento todos os dias te dizer mas é difícil, esse sufocante amor por você.
Não consigo me ver sem te olhar.
Não consigo sentir sem te tocar.
Não consigo me amar quando nós não estamos no mesmo lugar.

ADRIANO MENDONÇA CARDOSO
DRIXS

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

JIGAR KHOON

Meu olhar te assusta, sou diferente,
gosto do que você despreza.
Preciso ser, não me importa ter,
gosto de ficar por baixo.

Perder pra ganhar, Cidade dos Sonhos,
negra lágrima, não existe ninguém.
O que fizeram com você?
O seu amor era cor... era flor...

Sua TV é Jesus com seus 12 canais,
depois de 7 solidões é difícil ver o céu.
A lâmina trai, Vanilla Sky.
O que fizeram com você?
O seu olhar antes era mar... era luar...

Viva sepultada no sofá,
sua luz prestes a apagar.
Sua camisa do Gorpo me faz sorrir,
agora entendo porque não ir, quis saber...
O que fizeram com você?
O que fizeram com você?
Meu coração está sangrando.

Seu vazio, seu olhar distante,
me arrepio nesse instante.
Sua dor, sua pele quente,
te desisto de repente.

ADRIANO MENDONÇA CARDOS
DRIXS

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

CÉU AUTOMÁTICO

D     E     U     S
e      s      n     a
s      s      i      g
c      e     v      r
u             e     a
b             r     d
r             s      o
a             o

ADRIANO MENDONÇA CARDOSO
DRIXS

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O FIM

O fim do sono. O fim do café.
O fim do portão. O fim da rua.
O fim da recepção. O fim da escada.
O fim da sala. O fim do teste.
O fim da semana. O fim do show.
O fim de ano. O fim da cama.
O fim das férias. O fim do romance.
O fim do cd. O fim da lágrima.
O fim da amizade. O fim do sorriso.
O fim da dor. O fim da verdade.
O fim do passo. O fim da fé.
O fim da morte. O fim da chuva.
O fim da canção. O fim do abrigo.
O fim da beleza. O fim da poesia.
O fim do terço. O fim da cirurgia.
O fim do carnaval. O fim da ilusão.
O fim da juventude. O fim do asilo.
O fim da lua. O fim da flor.
O fim do diálogo. O fim do ensaio.
O fim do latido. O fim do cravo.
O fim da romã. O fim da argentina.
O fim do fim. O fim do início.

ADRIANO MENDONÇA CARDOSO
DRIXS